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23 de junho de 2010

O Hibridismo e a educação

No século XV Gutenberg aperfeiçoou e tornou operacional a prensa móvel; com isso e a utilização do papel, os livros tornaram-se sensivelmente mais baratos que os manuscritos copiados à mão em pergaminho. A possibilidade de muito mais pessoas terem acesso ao conhecimento gerou ainda mais conhecimento e novas ideias, uma sinergia intelectual que a humanidade ainda não havia experimentado.

Dessa sinergia originaram-se os conceitos filosóficos, científicos e políticos que dominariam a cena nos séculos seguintes. A evolução da tecnologia, filha da ciência, culminou nas revoluções industriais e, já em nossos dias, na revolução da informação.

O armazenamento e o processamento rápido de dados, a propagação do uso dos computadores pessoais e a internet mudaram radicalmente nosso mundo. Os modos de produção são outros, são outras as relações de trabalho, até as relações pessoais estão em mutação.

Há pouco mais de quarenta anos, administradores, economistas, engenheiros e contadores usavam calculadoras de manivela, réguas de cálculo e tabelas de logaritmos para fazer o seu trabalho; o advento de calculadoras eletrônicas relativamente baratas praticamente aposentou aqueles recursos, mas não tornou desnecessários os profissionais que os usavam. Pelo contrário, equipamentos mais rápidos passam a demandar noções mais acuradas do que se pretende fazer com eles. Mesmo com os programas de desenho e de cálculo, não é "o computador que faz" projetos de edifícios, são engenheiros e arquitetos que os fazem, usando o computador como instrumento. Porém, mais que alguns anos atrás, estes profissionais precisam estar extremamente atualizados com as mais recentes descobertas, perfeitamente "antenados" com o estado da arte de sua área de atuação.

Neste mundo, onde as máquinas e os métodos tornam-se obsoletos quase na hora em que entram em operação, precisamos desenvolver nosso potencial de aprendizado contínuo. Estamos em crescente processo de hibridismo cultural, trocando informações de forma quase instantânea, misturando economias, gastronomia, diversão e até mesmo conceitos religiosos.

O idioma já não é um empecilho, nossos tradutores eletrônicos nos permitem acesso ao que de melhor (ou pior) é produzido mundialmente sobre qualquer assunto, nosso conhecimento compartilhado em rede supera as bibliotecas de nossa cidade embora não as torne desnecessárias.

É complexo estabelecer hoje aquilo que é, ou não, característico de nossa cultura, já que comer sushi é possível em cada esquina, e este é prato preferido de grande parte de nossos jovens. As roupas que usamos são vendidas na quase totalidade do planeta, boa parte dos autores que lemos tem obras disponíveis em livrarias de muitos países. O último avanço científico está nas páginas de nossos jornais diariamente.

Como ensinar nos dias atuais? Como aprender? O processo da hibridação cultural traz mescla de discursos, nem todos legítimos, alguns contraditórios, e, assim como as alterações na constituição da família e originalidade do exercício profissional, encaminham novos temas aos currículos escolares, novas resistências e confrontos. Na paleta pedagógica, a todos cabe a difícil arte de recontextualizar o cotidiano.

Créditos: Wanda Camargo, Comissão do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil - Unibrasil.

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