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25 de junho de 2010

Artigo: O mau exemplo da professora

O mau exemplo da professora
Varuna Viotti Victoria


Sempre que faço palestras sobre educação para professores, nunca deixo de dizer que para exercer o magistério é preciso amar de fato essa profissão. Em algumas outras áreas profissionais até é possível exercer bem a profissão mesmo que não se goste muito dela. No trabalho com alunos isso não é possível. Se o professor não amar de fato o que faz, dificilmente os alunos corresponderão de forma adequada ao processo de ensino e aprendizagem. Quando o mestre não gosta do que faz, não consegue criar vínculos fortes e verdadeiros o suficiente com seus alunos para que a aprendizagem se efetive. 


Sem esses vínculos, os alunos dificilmente se interessam pelo professor e conseqüentemente também pelo o que ele tem a lhes ensinar.


A notícia sobre uma professora que prendeu numa cadeira e amordaçou um aluno de 5 anos de idade em uma escola em Brasília certamente chocou professores e pais. 


A criança é diagnosticada como hiperativa, está sob tratamento e como estava muito agitada e falando sem parar, a professora decidiu lhe dar um "corretivo" amarrando-a na cadeira e amordaçou-a para que ficassem em silêncio enquanto ela prosseguia com suas atividades como se nada estivesse acontecendo.


Quem viu e salvou a criança de tamanho absurdo foi a merendeira da escola que, ao entrar na sala deparou-se com aquela cena e a denunciou à diretora que soltou o menino.


Num tempo, em que tentamos mostrar aos nossos alunos que a violência não é a forma adequada de resolver problemas, essa professora mostrou todo o seu desconhecimento profissional e assinou o seu atestado total de incompetência para exercer o magistério.


Além da atitude agressiva e covarde de um adulto que usa a sua força física para impor comportamentos que não consegue obter com atitudes mais inteligentes ela mostrou o quanto infelizmente, a educação em nosso país deixa ainda a desejar.


Qualquer profissional na área da educação que tenha feito um bom curso de pedagogia tem que obrigatoriamente conhecer princípios que são básicos na educação sistemática de crianças. Não expor a criança ao ridículo é um desses princípios. Deixar um aluno nessa situação é uma exposição total que mina a auto-estima dessa criança e que em hipótese alguma soluciona o seu problema de indisciplina. 


Um professor deve saber também que, com alunos difíceis não adianta apenas fazer um trabalho baseado em punições se também não houver um trabalho de conquista real e criação de vínculos afetivos com esses alunos. Quanto menos um aluno gostar de um professor, menor será a sua colaboração e o seu interesse por ele. 


Disciplinar é um processo árduo que requer conhecimentos e técnicas adequadas por parte de professores. Um aluno hiperativo requer com certeza um tratamento especial por parte da escola e tem o seu direito assegurado por lei para recebê-lo. Muitas escolas porém não sabem como lidar com o problema e professores não são preparados para tratar com equidade essas crianças. Esses alunos não precisam de igualdade de tratamento e sim de equidade que lhes permita receber o que de fato precisam para terem as mesmas oportunidades que os outros. Essa professora, mostrou além de uma incapacidade total para o exercício do magistério um descontrole de personalidade altamente perigoso para seus alunos. O seu afastamento da escola foi merecido e nada, nada mesmo justifica a sua atitude.


Não podemos também deixar de analisar essa situação pelo ângulo da incompetência ainda vigente na educação brasileira na contratação de professores despreparados para exercerem o magistério. É preciso mais rigor na avaliação e contratação desses profissionais que têm em mãos o bem mais precioso de um país: o seu futuro. 


Varuna Viotti Victoria é pedagoga
Fonte: Gazeta de Piracicaba

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