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29 de março de 2010

[Drummond] Não quero ser o último a comer-te

Não quero ser o último a comer-te.

Se em tempo não ousei, agora é tarde.

Nem sopra a flama antiga nem beber-te

aplacaria sede que não arde

em minha boca seca de querer-te,

de desejar-te tanto e sem alarde,

fome que não sofria padecer-te

assim pasto de tantos, e eu covarde

a esperar que limpasse toda a gala

que por teu corpo e alma ainda resvala,

e chegasses, intata, renascida,

para travar comigo a luta extrema

que fizesse de toda a nossa vida

um chamejante, universal poema.

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